domingo, 24 de outubro de 2010

Manifesto Anti-Serra dos professores da Rede pública do Estado de São Paulo

Nós, professores da Rede Pública do Estado de São Paulo, vimos a público declarar nosso descontentamento em relação à política educacional em nosso Estado.
Nós, trabalhadores em educação, estamos sendo responsabilizados pelos equívocos de 16 anos de gestão de José Serra e seu partido.

Através de suas avaliações de desempenho, esse governo nos obriga a compactuar com o regime de “progressão automática”, que sobre a falácia da inclusão social, exclui milhões de filhos da classe trabalhadora.

Não bastasse a política de achatamento salarial, atrelada à mesma avaliação por mérito, o governo Serra tem nos tratado como bandidos, da mesma forma como trata os movimentos sociais que o contestam, colocando a tropa de choque para calar nossa voz de protesto contra a destruição da escola pública.

Serra vende a ilusão do ensino técnico profissionalizante, como a salvação para o desemprego. Bravata ideológica que transfere a responsabilidade pelo fracasso aos trabalhadores, como se fosse fruto de seu despreparo e
não das contradições do sistema capitalista.

Defendemos uma escola que ensine conteúdo científico sério, e não rudimentos de conhecimento, voltados à formação de força de trabalho barata para a exploração das empresas. Acreditamos que a escola pode cumprir seu papel, transmitindo a cultura humana desenvolvida pelas gerações passadas, ponto fundamental para serem forjados os homens críticos, que não aceitarão retrocessos históricos como a eleição de Serra.

Quanto ao seu projeto de escola em tempo integral, não construiu escolas para alterar o período das aulas e acomodar os estudantes, como irá desenvolvê-lo? Superlotando ainda mais as salas de aula? Já temos exemplos suficientes do descaso deste governo que, através de seus projetos amadores, inclui milhões de estudantes em propostas que posteriormente são
negadas por seus próprios integrantes, haja vista a própria progressão continuada.

Somos solidários aos professores das universidades estaduais, que há muito sofrem com o achatamento salarial e a falta de novas contratações, comprometendo a capacidade técnica de departamentos sérios, dedicados à produção de conhecimento. A formação continuada de professores não pode ser outro instrumento ideológico do governo para nos impor reformas articuladas aos órgãos internacionais como o FMI e o Banco Mundial, que tem por objetivo manter o caráter subalterno de nosso povo. Daí a importância de termos acesso continuado aos resultados das pesquisas desenvolvidas pelas universidades públicas, através de uma jornada de
trabalho que inclua nossa constante atualização, o que deve ocorrer articulando-se educação básica e superior.

Acreditamos que a eleição de Dilma canaliza os interesses dos setores mais progressistas da sociedade brasileira, uma vez que, grupos conservadores que pareciam enterrados pelo passado, afloraram para realizar a defesa de Serra.

Haverá um tempo em que temas eleitoreiros não serão álibis para a desconstrução de projetos, apenas as críticas sinceras, baseadas em uma práxis humana emancipadora. Estas são as críticas que pretendemos fazer, não a um governo Serra, pois ele representa a conservação de um passado putrefato, que deve perecer para dar entrada ao novo.

Nenhum comentário: